quinta-feira, 30 de abril de 2009

Medo


Eu sempre desconfiei que quando eu era pequena, minha mãe viu que não ia dar futuro tentar me ensinar a andar e desistiu disso. Depois de 21 anos de vida, de muitas provas e de pessoas que pensam a mesma coisa, eu tive certeza.




Nunca vi alguém mais atrapalhada na vida inteira! Tropeços, quedas, dedos mindinhos quase arrancados em cantos de parede, tudo isso é rotina na minha vida.




Mas aí vem o capeta, doido pra me ver no chão de novo, e sopra no meu ouvido que eu devo participar de um tal de Intermed – campeonato de futebol do curso de medicina que também conta com torneio feminino.




Não sei o que me deu na hora, não sei se foi a empolgação de todas as meninas tagarelando juntas, mas acabei aceitando ( e dando valiosos 5 reais, os quais tenho certeza que vou me arrepender de ter gasto).




Aí é que tá! Me toquei que nunca soube andar direito, quanto mais jogar futebol, né? E veio o medo. E que medo! Gente, vocês não têm noção do pavor que eu tô de me machucar. Outro dia tava no plantão na pequena cirurgia no Big Help e, numa tarde, em uma única tarde, atendi 2 caras oriundos de jogos de futebol e com machucados terríveis entre os dedos por causa de umas tais "divididas de bola".




Doido!!! E agora? E se acontecer o mesmo comigo?




Os jogos só começam no fim-de-semana que vem, dia 9 de maio, mas amanhã tem treino. E por mais que os jogos estejam marcados pra acontecer na praia, o treino vai ser em um campo de grama. Mas e se as formigas me atacarem!? Gente, e agora!? E se eu sofrer um ataque de formigas-atômicas-assassinas-revoltadas-com-a-vida? EU SOU ALÉRGICA À FORMIGAS!!!




Gzuz! Ajudai-me e protegei-me!




O treino é amanhã às 9h da manhã. E após treinar –com meias, é claro, para me proteger das formigas desvairadas, eu juro que eu dou notícias sobre o meu estado de saúde, ok?




Torçam por mim e pelos meus dedinhos!




Ai,ai...

sábado, 18 de abril de 2009

PUOOOOOOOOOTA QUE PARIU!







Não sei se isso acontece com todo mundo, mas existem certos momentos na minha vida nos quais a única frase que consegue defini-los é “PUTA QUE PARIU!”. Essas 3 palavrinhas meio que me acompanham com uma certa freqüência, sabe? Meu último momento PQP aconteceu essa semana. Ele foi assim, ó:





Estava na aula com mais umas 40 pessoas na turma (lembrem-se desse número, 40!!!). Depois de quase 3 horas seguidas de cânceres e coisas do tipo (pois quando eu tenho aula, eu tenho aula!), uma das professoras resolve levantar e fazer uma homenagem a uma das outras professoras presentes por todos os títulos que ela tem e por ter sido homenageada agora com o título de cidadã ludovicense.




Ela falou, falou, falou e se emocionou tanto falando da outra, que começou a chorar.
Eu, muito emotiva, me emocionei com a cena. Achei linda aquela demonstração de amizade. Quase que eu choro junto...




Aí, no final de todo um lindo discurso que parecia não ter fim, a turma começa a bater calorosas palmas. Até aí, nada de mais, né? Né! Mas o que acontece?





A cearense-louca-com-cara-de-retirante da minha amiga, que estava sentada uma carteira depois da minha, vira pra mim, ainda batendo palmas (como todo o resto da turma) e diz: “Vamo levantar?”




Eu, num momento de educação e de reconhecimento exagerado pelo sucesso dos outros, não penso duas vezes e respondo que sim.




Foi aí que a merda aconteceu!




A cearense-louca-com-cara-de-retirante e eu levantamos, a amiga-solidária que estava entre nós duas, pra não dar uma de mal-educada, levantou junto. MAS SÓ NÓS 3 LEVANTAMOS! NUMA SALA COM MAIS DE 40 PESSOAS, SÓ NÓS 3 LEVANTAMOS!




PUOOOOOOOOOOOOTA QUE PARIU!




E como se isso já não bastasse, no momento em que levantamos, as palmas imediatamente pararam. Simplesmente pararam! Quando eu olhei pro lado e vi que só nós estávamos em pé, minha vontade era de abrir minha bolsa e enfiar a cara lá dentro.




Como a merda já tava feita mesmo, o quê que eu ia fazer? Bater palmas! Afinal, foi pra isso que eu levantei. Depois de 6 palminhas do trio de loucas-bem-educadas, sentamos e começamos a desfrutar de nosso momento de fama.




Eu, iludida, crente que ninguém tinha visto nada, quase morri quando vi que as amigas atrás de mim e alguns outros espalhados pela sala quase caíam de suas cadeiras de tanto que riam de nossas caras.




Eu própria não me agüentei e passei uns 30 minutos rindo da situação.




E só o que eu conseguia dizer pra quem comentava a situação era: “Não posso fazer nada se eu sou educada, tá?”




Mas aí vocês podem pensar: "Ah! Essas coisas o povo esquece rapidinho." Não, não esquecem não!





No outro dia as pessoas me cumprimentavam alegremente. Como? COM PALMAS!!!




sexta-feira, 10 de abril de 2009

Mesmo na merda



Eu admiro a capacidade que o ser-humano tem de mesmo estando na merda conseguir ver alguma coisa positiva na situação. Talvez seja aquela velha máxima de titia Adriane Galisteu de que “no fundo do poço tem uma mola”, coisa e tal.
Não vou te mentir que tenho uma certa inveja de pessoas assim. Sou um pouco deveras pessimista. Mas também, acho que tenho motivos pra isso. Sabe aquela síndrome de DPEB (Desgraça Pouca É Bobagem)? Pois é, ela aparece com uma certa freqüência em minha (boa) vidinha. Não acredita? Pois vou provar.
Exemplo 1: ônibus indo pra Salvador. Eu, em pé esperando que meu copo fosse servido com vodka. O bendito do motorista deu um freio, mas um freio tão grande, que eu fui arremessada 5 fileiras a frente da que eu estava. Euzinha, que estava de costas pra cabine do motora, (não sei como) fui cair com os 2 joelhos e com a cabeça no chão. O copo que tava na minha mão, voou e caiu na cabeça de uma doida que tava no busão. Enquanto eu ainda tava no chão, curtindo a minha dor e ouvindo as risadas sem fim do povo, ela ainda vira pra mim, puoooooooooooooooota de raiva e diz: “ Porra! Tu jogou vodka em mim!”. A dor era tanto que eu só consegui sussurrar: “Era Guaraná Antarctica, doida!”. Resultado: 2 joelhos extremamente doídos e roxos, uma dor de cabeça do cão, um apelido de “Garota Guaraná Antarctica” e um prêmio de “Duplo Twist Carpado”.
Ainda nessa viagem:
meu colchão inflável tava furado. Todas as vezes que eu esquecia esse fato e me jogava nele com tudo era mais um hematoma que eu colecionava;
depois de tudo isso ganhei um sabonete de sal grosso pra ver se a uruca ia embora. O que foi embora? A hidratação da minha pele! A bichinha ficou seca, seca, seca de marré-marré.
Exemplo 2: lá estava eu cuidando de minha saúde, vindo da academia toda serelepe. Como sou uma pessoa consciente com o $ de meu pai, o carro estava com os vidros da frente abertos. Inventei de pegar um atalho pra poder chegar mais cedo ao meu destino. Já tava chegando quando avisto uns guris todos sujos de lama de mangue (aquela cinza, grudenta, nojenta). Continuei meu caminho. De repente, não mais que de repente, ouço um estrondo. Acho que a zoada mais alta do mundo inteiro. Meu 1º pensamento: Gzuz, levei um tiro! Eu não tinha coragem de olhar, de tirar os olhos do volante. Só senti um negócio escorrendo no meu braço. Pensei: Gzuz, a bala acertou meu braço, to sangrando!”. Quando eu finalmente tive coragem de olhar pra mim, vi a visão do inferno: o carro e eu COMPLETAMENTE SUJOS DE LAMA! Foi uma visão desoladora. Tinha lama do volante ao banco de trás, passando pelo som e por mim. O melhor foi quando eu me aproximei de um carro de polícia pra avisar do acontecido. Os “puliça” me olhando com uma cara de riso que vocês precisavam ver. Quando eu finalmente consegui falar, gaguejei: “O- OLHA, TEM UNS MENINOS ALI NA PONTINHA DO JA-JARACATY ATIRANDO BOLA DE LAMA NAS PESSOAS”. Não vou nem comentar a felicidade de papai ao ver o carro, né?
Esses são só 2 exemplos das coisas que só acontecem comigo e que me fazem acreditar no quanto sou afortunada. E quando alguma coisa boa acontece, logo depois vem uma coisa ruim, saca? Tipo: nesta quarta-feira recebi uma ótima notícia em relação ao meu curso. Na quinta-feira de manhã: “Acorda, Thayssa. Vai arrumar tuas coisas que a gente tá indo pra Pedreiras agora.”
Vocês conseguem entender agora o motivo de eu ter me tornado essa pessoinha pessimista que sou hoje? Eu não consigo ser um Jamal da vida (do filme Slumdog milionaire) e ficar morto de feliz mesmo estando na merda (literalmente).
De qualquer forma, se alguém aí souber de alguma simpatia/feitiço/promessa/mantra pra mandar toda essa (má) sorte embora, por favor, me ensine. Só não vale deixar a pele ressecada como o sabonete.